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Nesta semana que passou, de 20 a 26 de maio, foi comemorado a Semana Nacional de Educação Financeira (Semana ENEF).
Para quem não conhece, trata-se de uma iniciativa do Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF) para promover a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF).
Tal evento ocorre desde 2014 e visa incentivar o debate sobre o tema em todo território nacional, através de palestras, workshops e diversos outros eventos.
O objetivo da ENEF, criada através do Decreto Federal 7.397/2010, é contribuir para o fortalecimento da cidadania ao fornecer e apoiar ações que ajudem a população a tomar decisões financeiras mais autônomas e conscientes. A estratégia foi criada através da articulação de nove órgãos e entidades governamentais e quatro organizações da sociedade civil, que juntos integram o Comitê Nacional de Educação Financeira – CONEF
Trecho extraído do site governamental Vida e Dinheiro
Preparamos alguns números IMPRESSIONANTES que mostram como nós brasileiros estamos quando se trata de educação financeira.
Aposentadoria
O brasileiro segue como um dos menos poupadores do mundo quando o assunto é aposentadoria (fonte). Estudo do Banco Mundial mostra que o Brasil aparece apenas na 101o em ranking global de poupança para aposentadoria, com um percentual de 11% das pessoas poupando para o futuro.
Apesar disso, o país teve avanços em relação à 2014, onde somente 4% guardava uma parte das economias para este fim.
Aproveite para ler nosso último artigo sobre Aposentadoria caso não tenha lido clicando aqui
Endividamento
A última Pesquisa (fonte) de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que 62,7% do brasileiros estão endividados. Entre os principais vilões estão o “velho e milagroso” cartão de crédito, carnês e financiamento de carro.
Poupança
Apenas 8% dos brasileiros conseguiram economizar alguma coisa no ano de 2018. É o que revela a pesquisa (fonte) da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). O número é muito abaixo dos 56% dos entrevistados no início daquele ano, que revelaram o desejo de poupar.
Hábitos Financeiros
A Ilumeo e a Ricam Consultoria levantam dados sobre os hábitos financeiros dos brasileiros desde 2014 (fonte). Destacamos abaixo algumas informações importantes e que podem sugerir uma fotografia de como o brasileiro lida com suas finanças:
- A maior parte das pessoas anotam seus gastos e confere seu extrato bancário
- As pessoas tem demonstrado maior interesse no tema de finanças pessoais
- A maioria informa que não recebeu orientações sobre finanças pessoais
- Os parceiros costumam conversar sobre as finanças da casa, mas de maneira geral não há consenso sobre os rumos e planos financeiros da família (Veja aqui Pesquisa do SPC Brasil sobre desentendimento entre casais quando o assunto é dinheiro)
- Boa parte das pessoas ainda se limita à investir apenas na Poupança, o que se traduz em baixíssimo retorno sobre o dinheiro aplicado
- As fintechs ainda são pouco conhecidas, apesar de algumas marcas já estarem mais consolidadas na cabeça das pessoas, como a Nubank e PagSeguro. Isto demonstra que o brasileiro médio provavelmente continua consumindo os mesmos produtos, apesar de já terem maior opção de escolha de serviços bancários e pagamentos
Educação Financeira
Um estudo (fonte) da Serasa Experian e do IBOPE Inteligência lançado recentemente mostra alguns dados bem interessantes e que vale a pena compartilhar com você, no sentindo de entendermos melhor como se dá o processo de estudo e a prática da educação financeira.



Os gráficos acima mostram a relação entre Alfabetismo Funcional (INAF) x Educação Financeira (INDEF). É possível constatar quem:
- Quanto maior a idade (experiência), maior o domínio em educação financeira
- A educação formal não parece ter influência significativa na educação financeira das pessoas
- Maior renda não necessariamente significa maior educação financeira
A conclusão que se tira do quadro relatado é que o comportamento e prática financeira é muito mais um resultado de experiências que a pessoa teve ao longo da vida, do que uma maior educação formal ou maior renda.
Isto corrobora que não adianta somente estudarmos, é preciso vivenciar as situações e aprender a colocar em prática nossos estudos.
O que podemos extrair deste monte de informação?
Podemos afirmar que brasileiro está se interessando mais por sua educação financeira por uma série de motivos: várias crises econômicas que já passamos, desemprego e por último eu listaria uma maior divulgação de informações sobre finanças pessoais, como este blog, canais de Youtube, podcasts, cursos e livros que utilizam uma linguagem mais acessível e menos chata aos interessados.
As discussões em torno da reforma da previdência também permitem que o assunto esteja nas padarias, bares, empresas, etc. Isto possibilita um maior debate e consequentemente um maior esclarecimento sobre a importância de poupar, planejar a aposentadoria e criar hábitos de investir.
Mesmo buscando mais informações e conhecimento, os ganhos ainda são muito incipientes e não apareceram de maneira consistente, tanto é que isto pode ser visto no nível de endividamento que permanece alto e a baixa poupança de recursos.
Tá! Mas o que fazer para melhorar de fato a educação financeira do brasileiro?
Não basta só apontar os problemas, é preciso apontar soluções possíveis para efetivamente sairmos de um dos povos mais endividados, gastadores e que não se preocupam com o futuro.
Vamos à algumas sugestões:
- Educação Financeira nas Escolas: Algumas escolas já vem oferecendo conceitos e ensinamentos nesta área usando a disciplina de matemática ou mesmo através de workshops, aulas opcionais ou inter-disciplinares. Recentemente foi aprovado uma lei (veja aqui) que institui a obrigatoriedade da disciplinas nos ensinos fundamental e médio.
- O desafio do ensino deste tema é preparar os professores para ministras aulas, pois o ensino deve estar ligado diretamente ao dia a dia (empirismo) dos alunos, sob o risco de se tornar um conteúdo chato e entendiante
- Educação Financeira nas Famílias: Não basta deixar o ensino de finanças para as escolas. É preciso que os pais ou responsáveis tomem a frente ao conversar sobre o tema entre família, abordando o assunto do orçamento, poupanças e planejando os objetivos financeiros em conjunto. Hoje ainda é considerado um tabu falar sobre dinheiro dentro de casa, devido muitas vezes às crenças que herdamos e continuamos a repetir sem nos questionar o porquê das coisas
- Educação Financeira no Trabalho: É preciso que as médias e grandes empresas principalmente abordem e ofereçam treinamentos para seus funcionários, visto que problemas financeiros podem comprometer o desempenho dos colaboradores em suas funções. Uma boa maneira também é oferecer seminários e workshops sobre o assunto
- Formar educadores que possam trabalhar nas regiões em que moram, contribuindo assim para melhores tomadas de decisão da população em se tratando de consumo, orçamento, crédito, dívidas e conhecimentos gerais do funcionamento da economia
Me despeço deixando para você uma filosofia de vida que tem me chamado atenção e que pretendo aprofundar daqui para frente (prometo artigos neste tema em breve): o Minimalismo.
Se você acha que muitas vezes não prioriza as coisas que são de fato importantes e que geram valor para sua vida, está na hora de conhecer este modo de viver, sem modismo ou sensacionalismo. Esta é uma boa forma de praticar educação financeira e melhorar sua liberdade de escolha.
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Até breve!
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