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Maria acorda às 05:00hs da madrugada de segunda à sábado, se arruma, toma café, deixa seus 3 filhos com sua mãe e vai trabalhar como manicure em um salão de beleza no centro da cidade.
Para chegar ao trabalho ela precisa pegar dois ônibus coletivos. No caminho, porém, tem que passar primeiro por locais com esgoto e lixões a céu aberto, para depois disputar uma vaga no ônibus que, por sinal, já vai chegar lotado e possivelmente atrasado.
Ela chega ao trabalho após 01:30 de deslocamento devido ao engarrafamento, trabalha o dia inteiro e retorna para casa, chegando às 20:00hs. É o prazo de cuidar das crianças, colocá-las para dormir, tomar um banho, comer algo rápido e ir para cama.
Maria ganha um salário de R$1.200, que usa para sustentar sozinha sua família. A comida é contada, pois ainda há o aluguel, água, energia e impostos a serem pagos dentre outros itens.
Quando precisa realizar uma consulta médica, recorre ao SUS (Sistema Único de Saúde). Certa vez teve que esperar 1 ano para realizar uma mamografia, mas ela não se queixa mais. Diz que é assim mesmo.
Frequentou a escola até o ensino médio, mas acabou largando no meio do caminho. Diz que já precisava trabalhar naquele tempo e não se interessava pelos conteúdos dados em sala de aula. Não podia perder tempo.
Além de toda a preocupação de conseguir sustentar sua família, Maria ainda tem que conviver diariamente com a violência em sua volta, onde a morte já virou rotina na vizinhança.
A história acima, apesar de ser fictícia, se enquadra na vida de milhões de brasileiros, que dão duro diariamente nas grandes cidades do Brasil e estão expostos a uma vida indigna.
Eu quis utilizá-la como exemplo para apresentar para você um índice que provavelmente já conhece, é o chamado Índice de Desenvolvimento Humano ou IDH. Acompanha-me que lhe explicarei qual a relação entre este índice e a história acima.
Veja no infográfico o que é o IDH e a posição do Brasil na última pesquisa realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD):
Reparem que a pesquisa visa classificar os países quanto ao grau de desenvolvimento em 3 principais áreas: Educação, Saúde e Renda (por habitante).
Veja abaixo informações um pouco mais detalhadas do Ranking.
A escala do IDH é dividida da seguinte forma:
- Muito Alto: de 0,8 até 1;
- Alto: de 0,7 até 0,8;
- Médio: de 0,55 até 0,7;
- Baixo: abaixo de 0,55.
Agora vamos analisar tudo o que vimos até agora:
- A nossa personagem Maria tem sua vida impactada diretamente nestas 3 categorias que o IDH considera:
- Renda: A renda per capta é resultado de toda riqueza produzida no país. Quanto mais rico é um país, maior a chance de termos mais pessoas com condições de ter acesso à parte desta riqueza. Um empresário, por exemplo, que consegue investir mais em seu negócio vai conseguir gerar oportunidades não só para si, mas para os outros também. Neste caso, Maria teria possibilidades de ter mais ganhos caso o seu patrão consiga ter poder de investimento ou ela teria a oportunidade de trabalhar para outra empresa que ofereça melhores oportunidades;
- Saúde: Maria e seus filhos utilizam o SUS. Ao demorar para ter acesso a exames muitas vezes críticos, sua expectativa de vida tende a cair, na medida que alguma doença poderá se desenvolver e não ser detectada a tempo. Outro ponto primário é o saneamento básico. Pessoas expostas a lixões e esgoto sem tratamento adoecem mais e tendem a ter uma expectativa de vida menor;
- Educação: Aqui o ponto chave. Maria não terminou seus estudos. Ela teve que trabalhar desde cedo. No entanto ela poderia ter avançado mais caso tivéssemos escolas com currículo mais flexível para aqueles que desejam ou precisam trabalhar. Além disso, a qualidade do ensino que Maria teve acesso está longe do que o mercado espera, logo, além de baixa escolaridade, a qualidade do que aprendeu foi muito ruim e não ajuda em nada em sua empregabilidade;
- O IDH é um índice limitado, na medida que considera apenas 3 variáveis de uma população, no entanto ele é importante como um indicador de referência de desenvolvimento de uma nação em relação às outras;
- Se consideramos que o Brasil está na 79o posição e mesmo assim seu indicador aparece como de alto desenvolvimento humano (0,75), poderíamos comemorar como uma vitória, mas devemos entender que o Brasil teve avanços na diminuição da taxa de mortalidade infantil e aumento da escolaridade, no entanto continuamos extremamente atrasados no quesito saneamento básico e qualidade de ensino. Logicamente a posição que nos encontramos dá sinais que não estamos tão bem assim;
- O Brasil é um país de grandes dimensões e particularidades. O Sudeste, por exemplo, possui indicadores bem melhores do que o Nordeste, portanto deve-se olhar com mais critério para cada região e não somente para o Brasil como um todo;
- Os países que estão nos primeiros lugares do IDH representam aqueles que são mais ricos, tem maiores expectativas de vida e maior escolaridade. Boa parte deles também estão nas primeiras colocações em liberdade econômica.
“Eu entrei no governo com um objetivo: transformar o país, de uma sociedade dependente em uma sociedade autoconfiante, de uma nação dê-para-mim em uma nação faça-você-mesmo.”
Margaret Thatcher
Diferentemente do que é propagado, não se combate a pobreza ou desigualdade punindo os ricos, mas sim criando um ambiente livre com a menor interferência dos governos, de modo a termos maior concorrência e consequentemente maior poder de escolha e melhores oportunidades.
Para avançarmos é preciso retornar o protagonismo do Brasil para as pessoas que sustentam este país, ou seja, precisamos dar poder de realização para os trabalhadores brasileiros, sejam eles empregados, empresários e profissionais liberais, reduzindo assim a influência do estado (impostos, regulações, intervenções, amigos do governo, etc) em nossas vidas.
No próximo artigo faremos uma análise do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e do ILE (Índice de Liberdade Econômica) e como estes estão ligados.
Teremos a oportunidade de relacionar o quanto a liberdade econômica influencia na melhoria da vida das pessoas.
Não leu o artigo onde eu falo sobre o Índice de Liberdade Econômica? Então não perca tempo, clique aqui.
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Fontes: